NASCIMENTO DO BEBÊ - PARTO DOMICILIAR em porto alegre
Fotografia e Relato de Parto em Porto Alegre
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O nascimento do bebê, foi porque a Thiane e o Fabri queriam descobrir o sexo do bebê somente no nascimento, mas a Serena já sentia que seria um maninho que estava vindo pra alegrar a família.
Quando o Mathias nasceu, dentro daquele momento de muito êxtase, entrega, ocitocina pura - ainda demorou um pouquinho pra que a Thi e o Fabri se dessem conta pra descobrirem juntos se era menino ou menina que havia chegado, e a exclamação que eu ainda escuto como se fosse hoje: - É, um "tiquinho", é um "tiquinho"!
E o nascimento do Mathias, foi também o meu primeito registro de parto domiciliar - e sempre comento que foi uma experiência incrivelmente linda. Estou preparando essa semana lá no site a história completa, junto com o relato do parto da Thi que é de arrepiar, mas que principalmente são sobre todos os sentimentos e percepções da mulher, mãe, família sobre a chegada de um filho e que são expressões que fogem muito ao que eu posso escrever aqui, a não ser com exatamente as fotos.
Sempre grato por tanto, tanto carinho, tanta amizade e tanta vida!!!
É mais do que ver é sobre SENTIR!!!
Você pode ver também o vídeo documental do nascimento do Mathias lá no nosso canal do youtube >>> https://www.youtube.com/watch?v=yr_d-9g3P4s
*** Relato de parto Mathias e Thiane!
Comecei a me parir quando eu nasci! Nasci em Guaporé. Minha mãe fez cesária, nunca saberei ao certo porque dessa decisão, mas levo comigo talvez como crença, de que foi a data melhor (afinal ninguém quer passar o natal no hospital). Mas também poderia ser para curar seu próprio parto, ela era gêmea e naquela época os partos eram naturais, pode ter sido sofrido... não se sabe!
Chorei ao nascer ou tranquei meu choro? Sim demorei para entender o que estava acontecendo, estava saindo de um lugar seguro para o desconhecido e o choro não saiu . Eu estava nascendo ou começando a morrer? Soa um pouco dramático, mas é exatamente assim que passei minha infância me sentindo, com choro trancado, por luta perdida, por expressões bloqueadas.
Tive uma infância rígida. Amadureci antes do tempo e as costas pesadas, com muita responsabilidade. As lembranças que guardo são bastantes tristes e algumas poucas positivas daquela época. Tive meus choros muito contidos. Eu precisava ser forte o tempo todo para não ser agredida. Sofria agressões físicas e verbais, como por exemplo essa frase sútil (irônica), “ tem cocô na cabeça?”, é uma frase que poderia ser engraçada se não fosse carregada de projeção... o sujeito da frase certamente se sentia um cocô. Eu não sofria pelas palavras “malditas”, pois não me sentia como “merda”, sempre me via mentalmente segura e firme, mas sofria por não conseguir tirar essa dor do meu pai! O que fez pensar que ele era um cocô? De que não era merecedor de ser feliz? De ter abundância e de simplesmente ser o que quisesse ser o seu melhor, sem julgamentos! Ele não nasceu para ser Dr. ele não nasceu para ser bancário, ele nasceu para ser ele, um comerciante talvez de muito sucesso se tal decisão tivesse sido escolhido e acolhido pelo seu coração.
A infância carregada e dura me fez implorar para ter um ataque do coração e ir pro céu encontrar minha mãe. Esses eram pensamentos recorrentes, de uma criança forte mas cansada de tão nova viver a parte dura da vida.
Pedi pela morte e morri com 22 anos! Tive que fazer uma cirurgia cardíaca. Ao acordar me lembro bem da sensação, aquela de morte renascimento. Não conseguia me expressar, rir doia muito nos cortes que tive pela cirurgia. Além da dificuldade para respirar, chorar... era um zumbi, falando com os olhos.
Fui vivendo e procurando sentido para a vida! Tudo parecia pequeno e sem brilho. Tive depressão oculta pela minha alma.
Larguei faculdade, apto, trabalho e fui viver de favor na casa de uma tia em Guaporé (achava mais calmo para se viver), até conseguir novo emprego. E fui indo, de lá praca, daqui pra lá...
começo então a querer saber quem eu era, do que gostava, e porque estava no mundo. Terapias, vivências, caminho de Santiago, Perú, e assim fui me provando! Fui gostando se saber o que tinha lá dentro de mim. Cadê “viagem era um encontro comigo mesma”.
Com 30 anos, mais consciente dos aprendizados tive minha linda filha Serena.
Fiz força para ter um parto normal e tive! Mas com ajuda de anestesias e ocitocina... tive ajuda do externo, ainda não me sentia conectada com meu melhor! Eu morri e renasci novamente! Curei meu choro trancado... o sol voltava a nascer dentro de mim, e toda vez que a olho, vejo minha melhor parte em seus olhos.
Com 35 anos, mais madura e com muitas feridas cicatrizadas, Mathias veio como meu presente.
Deixei ele vir mais naturalmente. Yoga, ler livro de como parir, alimentação adequada, nada disso eu fiz na gestação do Mathia ao contrário da gestação da Serena. Eu não sentia ser necessário, me sentia com vontade de ser livre e experienciar o que minha alma queria. Viagem, curtir a família, viajar, até em forró eu fui grávida! Eu estava mais confiante e preparada. As dores eu sabia que não eram maiores do que a dor da alma, que ainda me cercavam algumas vezes.
Entre contrações e apoio do meu marido e Doula eu ia me conectando a todos os choros e raivas trancadas, eu me conectei com a liberdade dentro de mim. E gritei, mas gritei... aquele choro de querer viver, de estar aqui... “bebê tá vindo, bebê tá vindo”, poucas horas de trabalho de parto ativo e o bebê nasceu e eu então “me pari”!
“Vamos olhar o sexo? É um tiquinho”... eu sorri! Eu sorri, mas sorri tanto que um sol no meu peito se abriu. Destravou aquele nó no peito, e tudo que pudesse estar inconsciente, não permitindo que eu fosse so amor!
Admito que no fundo queria um menino, sonhei com ele é imaginava ele. Sinto como se com a Serena eu tivesse curado meu feminino e o Mathias o meu masculino.
Foi o parto mais perfeito que eu poderia ter tido. Simplesmente por eu estar nele. Teve mais amor do que idealizações. Não criei expectativas de nada. Foi vivido, foi de presença, foi o que tinha que ser... desde lá tenho a sensação de plenitude e de ser completa.
Então quando me perguntam como foi o parto, eu respondo que foi o meu melhor, o que eu tinha que viver para me sentir viva e cheia de amor.
Concluo que o parto começa muito antes de parirmos nossos filhos. Precisamos ir nos parindo antes, se assim desejamos um parto pélvico orgástico. Eu senti o Mathias passando pelo canal, eu senti seu cheiro, seu coração... foi a melhor coisa que me aconteceu. Os detalhes de horas de contrações etc posso contar em outro momento. Porque pra mim o que mais fica do parto dele é a sensação de amor, amor e amor!!!!
Tenho certeza que curei a mim, e toda uma geração que veio antes e a que virá depois.
Voltei em memória a Guaporé no hospital e fiz força e chorei e senti minha mãezinha! Já não sinto as coisas como “talvez”, agora tenho certeza que da forma dela o que mais levei do parto naquele momento foi seu amor incondicional. Ela era muito amorosa! Teve o melhor parto para ela.
As dores da infância, a cirurgia cardíaca, e o coco na minha cabeça viraram pó, viraram nada, eu consegui afagar com o amor! Sim, sim e sim... sou repetitiva em dizer que o amor cura tudo... desde a forma que o Mathi foi gerado. Tudo faz sentido quando a ação é a do coração.
Curei meu pai, curei minha mãe e curei a mim!
Agradeço muito as parteiras- enfermeiras, fotógrafo, Doula e meu marido Fabrício que sempre está comigo nas minhas piores decisões!!! Ele confia em mim e na minha força! Sempre proporcionou eu ser o meu melhor...
Mathias nasceu em casa Porto Alegre dia 05 maio 2020 no início dá quarentena.
2:39 madruga.
“Que todo cocô vire adubo e nos faça florescer em amor”
“Que possamos viver em abundância, com merecimento e sem culpa”
Thiane Cristina Berto